31/05/2011

Clint Eastwood

Clint Eastwood nasceu em San Francisco a 31 de Maio de 1931. Admiro-o pelo carácter que sempre deu aos seus personagens.
Como realizador e músico o seu trabalho também me apraz. Um dos filmes que mais me tocou foi Letters from Iow Jima, realizado em 2006. Todavia, é difícil não enumerar outros como por exemplo, Gran Torino (2008) e Million Dollar Baby (2004). A profundidade e a complexidade humana são reveladas em todas as películas. Parabéns!


Foto retirada da internet (?)





Será a Eutanásia um crime?





O que vale o xenofobismo? Porquê ter preconceitos?


Música de Gran Torino Jamie Cullum

30/05/2011

Aparências, o real ou futilidades?

Éramos crianças, nada era importante a não ser a janela onde os olhos se perdiam. O horizonte era longínquo, o som doutros povos imaginários povoavam a mente. O gato, dormia no colo sereno. As flores perfumavam a sala.


George Bernard O'Neill, Thoughs




Crescemos, saímos da sala, o mundo torna-se maior mas a essência mantém-se. Os livros abrem a janela, tiram as portas, constroem outras, o tempo avança linear, como se se tratasse de um segmento de recta: tem vários pontos mas não se sabe quando chega o último. A rota está escrita no céu debaixo das estrelas. Perde-se a inocência. Porém, uma coroa prevalece para pontuar a criança escondida. Os olhos enchem-se de lágrimas, a face esboça um sorriso. Entre o choro e o riso, o tempo passa indelével.


Jean Baptiste Camille Corot, Girl Reading Crowned with Flowers or a Virgil's Muse




Umas vezes somos palhaços, outras Pierrot, o riso ecoa na sala iluminada vagamente. O peso dos outros cai em cima de nós, como uma lança brilhante à espera de dilacerar. Que importa o riso, a gargalhada vazia? Nada ... Ela não traz o sol.




Desenho de José Régio, Palhaço, daqui





O dia amanhece começam os combates. Travam-se as lutas mas não há heroínas. Os heróis ficam nos livros de histórias, nos romances encadernados, nas estantes... parados.




Joana D'Arc, Pintura, ca. 1485.
An artist's interpretation, since the only portrait for which she is known to have sat has not survived. (Centre Historique des Archives Nationales, Paris, AE II 2490) (Centre Historique des Archives Nationales (Wikipedia)




Duelos e mais duelos até que se vence a batalha. Será importante tanta luta? De que é feita a minha arma? Qual armadura resplandecente mora nesta casa?
Não é de ouro nem de prata, não existe. Ex-Calibur está junto ao lago que dista da minha porta.
Cantamos junto à catedral o Requiem de Mozart. Baixo os olhos e vejo no chão uma pérola dobro-me para a apanhar e acordo junto ao chapéu que me deu prazer comprar para apenas colocar alguns dias no Verão.

29/05/2011

Quería ser Pájaro ...

... quería ser pájaro para volar


Leonora Carrington, Quería ser Pájaro



COMO UMA FLOR VERMELHA

À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.

Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.

Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Poesia, retirado daqui



Leonora Carrington (1917-2011) foi uma pintora surrealista. Conheci-a através dos blogues Sobre o Risco e Substante a quem deixo os meus agradecimentos.



28/05/2011

Eternidade

Angelus Silesius (Johann Scheffler),Monumento em Wroclow (Breslávia).



Eternity is time
And time eternity,
Except when we ourselves.
Would make them different be.

Angelus Silesius, retirado daqui


Benjamin Siksou - My Eternity



27/05/2011

26/05/2011

Um retrato...

num momento de silêncio.

A dor obriga a viver

Russell Crowe in Tenderness, filme de John Polson (2009)


Meredith Frampton, Portrait of a Young Woman, 1935


Tate Gallery, London

Com outros olhos para Vivaldi, Bobby McFerrin

25/05/2011

Tédio e política

Desenho de José Régio, O Poeta Louco




O que eu chamo tédio, sabe? é este vazio, este desgosto, este cansaço da alma, de coração e de espírito que faz com que em certos momentos (porque não podem deixar de ser momentos) a nossa vida seja estéril e insuportável... Estes, julgo-os momentos de total negação.

Duma carta ao José Marinho, Vila do Conde, 23 de Setembro de 1923.

José Régio, Páginas do Diário Íntimo, Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 2004, p. 40

De tédio reveste-se também, a campanha política ao praticar o insulto fácil, a mentira, o cinzentismo dos líderes. Votar é um dever do cidadão mesmo que o acto deixe tudo na mesma. O que sabem os portugueses?
Sabem que têm o FMI a espreitar sobre o ombro, sabem que o país tem uma dívida, sabem que o desemprego vai continuar, sabem que têm que apertar o cinto!!!
O que prometem os políticos? Será que se pode cumprir?
Houve um momento na campanha que quero registar. Em Viseu um cidadão aproximou-se de Jerónimo de Sousa e disse qualquer coisa neste género:
- Sou do PSD, venho cumprimentá-lo porque gosto muito do senhor.
Não sou de nenhuma destas facções mas congratulo-me por ver o português médio a ser tolerante e a revelar a essência do verdadeiro português. Terão o resto dos políticos aprendido alguma coisa?

23/05/2011

Uma questão de conceito

Vi uma andorinha em voo rasante porque passou ao meu lado. A Primavera no seu auge mostrou-se branca e negra, a cor da andorinha. Pensei: que pena não ter aqui a máquina para a eternizar! Todavia, o que nós queremos que seja eterno, eterno será porque não é a película que a retém mas sim, a memória, a ideia, o conceito. O conceito não é necessariamente a realidade.
Associei os meus pensamentos a Chagall e Lowry.

Chagall, Child with a dove,1977-78.



Oil on canvas. 65 x 54 . Private collection


A gaivota – varredora do infinito, caçadora de estrelas comestíveis – salvei-a nesse dia – era eu rapaz – quando ela, entalada numa vedação junto de um rochedo, se debatia e acabaria por morrer cega pela neve. Embora me atacasse, tirei-a sem a magoar, puxando-lhe os pés com estas mãos, e durante um momento maravilhoso, ergui-a à luz do Sol, antes que ela se desprendesse, desfraldando as asas angélicas sobre o estuário gelado.

Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p. 150



22/05/2011

Um boa notícia: o que é verdadeiramente importante!



Solidariedade: Marcha contra a Fome angariou 43 mil euros e vai ajudar portugueses pela primeira vez.
Ver mais aqui

Passeio pela barragem de Castelo de Bode - Dornes

Dornes situa-se à beira do rio Zêzere, concelho de Ferreira do Zêzere. O casario branco projecta-se até ao rio para onde converge o nosso olhar. A intemporalidade do local é registada pela ocupação romana e pela doacção aos Templários durante a Reconquista. Dornes resiste ao tempo e à fuga da população.



Olhando em redor, o espelho de água reflecte: as nuvens que pairam no céu, as sombras das margens, dos barcos aportados. A simbiose: água - terra - silêncio transforma por momentos o cansaço e revitaliza as nossas energias.



Dornes, rio Zêzere, barragem de Castelo de Bode




Barco de "três tábuas"





Torre pentagonal de Dornes, mandada edificar por D. Gualdim Pais



para defesa no rio Zêzere.



A barragem para onde convergem todas as casas



Do casario, a araucária corta a paisagem



Camomilas, (ou margaridas ?), acabaram por me fazer sorrir.



21/05/2011

Agustina Bessa-Luís - "Esta é a minha história..."


ESTA É A MINHA HISTÓRIA QUE A MEMÓRIA ABREVIOU, QUANDO NÃO É QUE A MODÉSTIA A REPREENDE. Agustina Bessa-Luís

«Nesta edição autobiográfica, que comemora os 85 anos de Agustina, a autora de A Sibila ajuiza sobre a sua vida, família e locais habitados. Inclui diversas fotografias do álbum de família da escritora, muitas delas inéditas», Editora Guerra e Paz.

"A Lei do Grupo
Agustina Bessa-Luís

A Família do Paço
O avô Teixeira, com todo o ar dostoiewskiano, casou em Março de 1867 com Justina, filha de José Bento de Bessa, do lugar de Barral. Ele tinha 41 anos quando casou e ela 28, idade que, para uma noiva, era já um pouco avançada, nesse tempo. Explica-se isso porque Justina ficara enamorada desde os sete anos por José, com 20 anos, quando ele a ajudou a passar um ribeiro em dia de invernia e lhe disse que se casaria com ela, um dia. Esse dia chegou a 3 de Março de 1867. O casamento durou 35 anos, sem que se apagasse a memória de amor da infância e o espírito duma união em que os elementos tiveram a sua parte mais sensivel.*

***
A Pequena Sereia

A pequena sereia de cinco anos está retratada na pintura de Vieira da Silva. É leve como uma pluma e, no entanto, é profunda como o mar. por isso se move entre as águas verdes donde nasceu Vénus e tudo o mais."**

Agustina Bessa-Luís, O Livro de Agustina Bessa-Luís, Lisboa: Guerra e Paz, 2007 (1ª Ed. 2002), *p. 11 -12; **79.


O índice do livro foca a essência dele:

A Lei do Grupo
A Família Paço
O Avô Teixeira
O Tio do Mato
A gente do Douro
A Mãe
A Póvoa em toda a sua glória
Ídolo de barro
O Douro, portanto
Coimbra
A Pequena sereia
Regresso ao Porto


Com a devida cortesia a Manuel Poppe!

20/05/2011

Belo, belo, belo!

Henri Matisse, The Dance II, 1932. (The Barnes Foundation, Merion Station).



Obrigada Blue do blog A Linguagem dos Pássaros que me aconselhou a ir ver este filme. Já estava na lista de filmes a ver mas o incentivo tornou mais forte a vontade.

"Na tua fragilidade está a tua força"

Pina Bausch

"Dansez, dansez....

si non nous sommes perdus" , Pina Bausch



Café Müller





Água + Fogo + Terra + Ar = Vida/Amor

Da juventude à velhice, a beleza de saber envelhecer

19/05/2011

"Querer ser feliz" - Reflexões à Janela II

Abel Manta(1888-1982), José Régio



Colecção particular


Janela do quartel do Carmo, Lisboa





A felicidade é um tema que me interessa.
Saber: onde é que ela mora? O que é? Como atingi-la? São questões intemporais do campo da filosofia e da literatura. A reflexão, neste caso particular, vem do campo literário e, pelo que li, José Régio tem muito de fiilósofo. Assim, começo esta viagem com uma sugestão de Manuel Poppe do blog Sobre o Risco.


Reprodução do desenho de José Régio (capa do livro retirado site da Babel)


Coimbra, 6 de Fevereiro de 1923

- Querer ser feliz é ajuntar probabilidades de desgraça. Resigna-te a ser infeliz, e serás mais feliz que podes ser.
- Por que te ris? Nós só rimos do que não compreendemos.(p. 27)



Continuo, como sempre, a considerar o Amor e a Bondade as duas mais belas forças da Vida, que, de resto, quem diz Amor diz Bondade. Mas não este Amor e esta Bondade que não passam de Literatura, e que tanto se decanta em verso e prosa para tanto se menosprezar nos mínimos actos do nosso dia-a-dia. O que eu quereria,e vós quereis, seria a Bondade e o Amor realizados. Até aqui , estou de acordo convosco. Mas já estou em desacordo sentindo um abismo entre o que sou e o que aspiro ser entre o que os outros são e o que eu desejaria que eles fossem.(p.29)


José Régio, Páginas do Diário Íntimo, Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda,2004 (2ª ed), p. 27 e 29.


Confesso que não quero compreender esta ideia tão sensata e a resignação dela.



18/05/2011

Dia Internacional dos Museus. O caso exemplar de Londres!

No dia Internacional dos Museus uma das minhas escolhas recaiu numa peça escultórica que o Museu Nacional de Machado de Castro guarda: O Cavaleiro Medieval.
O cavaleiro é para mim uma imagem esplendorosa, faz parte das minhas memórias, da História, de feitos heróicos e cavaleirescos, de trovas e de príncipes e princesas dos contos de infância.

Parabéns a todos que trabalham nos museus nacionais e internacionais, que são guardiães da beleza que os nossos ancestrais deixaram.


Em Londres os museus não cobram bilhetes, cada visitante dá o que quer. Vêem-se famílias inteiras que passam o dia a gozar os espaços interiores e exteriores dos museus. Congratulo-me com esta atitude institucional.




Cavaleiro medieval, século XIV






Calcário, 72 x 19,5 x 64,8, Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra*



«O cavaleiro representa Domingos Joanes, sepultado na Capela dos Ferreiros, como testemunham os atributos militares – elmo, cota de malha, escudo de armas e espada, sapatos de bico e esporas – e heráldicos – escudo de azul, com aspa de prata acompanhada de quatro flores-de-lis de ouro – que ostenta.A exaltação dos valores militares integra-se num contexto funerário, associando o cavaleiro a uma dimensão religiosa, bem característica da espiritualidade medieval.» *



Julga-se que o original está na Capela dos Ferreiros, em Oliveira do Hospital, e a réplica no Museu Machado de Castro.

Medieval Virelai Music & Song - XIII th & XIV th Century - E, Dame Jolie & Douce Dame Jolie



17/05/2011

"Deixai-me o Êxtase"

Procuro um verso, apenas, para que o deserto se torne próspero, o vazio se ilumine, o cansaço se extinga e os olhos se mantenham abertos.


Sandro Botticelli, Lamentação sobre o Cristo morto, 1490-1492,
detalhe Maria Madalena e o Cristo.



Têmpera sobre painel de madeira, 107 cm x 71 cm, Alte Pinakotheck, Munique, Alemanha

1640

Tirai-me tudo, mas deixai-me o Êxtase

(...)

Emily Dickinson, Poemas e Cartas, Lisboa: Cotovia, 2000, p. 147.

16/05/2011

"A construção é que é muito difícil" - Reflexões à janela

Henri Matisse, A Woman by the Window, c. 1920/22




A destruição é evidente em tudo o que nos rodeia, é um processo fácil. A construção é que é muito difícil. À nossa volta, o que há é ódio, morte:o universo é um predador. Uma das únicas coisas que combate esta entropia é a vida. Junta células, junta organismos, cria cidades, aglomerados. O resto desfaz-se. Lutamos nós, seres vivos, com todas as nossas forças, contra o ódio à nossa volta, mas o que prevalece é aquela Dresden de 1945. Bastou um momento de ódio para ela cair desfeita em cinzas. Um momento de amor não a fará reerguer-se, para isso é necessário um esforço imenso. Lutamos então contra a maior força do cosmos, contra aquilo que o caracteriza, contra aquilo que ele faz: expandir-se. O universo expande-se, mesmo nos momentos de ócio. Isso quer dizer que separa tudo, faz com que todas as coisas se afastem, se dissolvam. O amor vai juntando as peças que pode - como um velho reformado a jogar dominó - e o universo está aqui para baralhar outra vez.

Afonso Cruz, A Boneca de Kokoschka, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 173.


Kaouru Wada


15/05/2011

O vento é ira, ira é vida - cidade de Lorca

A pensar nos habitantes de Lorca que padecem da ira da natureza


Marc Chagall, Orfeu. 1913-1914.




Óleo sobre tela, 42.5x56.2 cm. Colecção privada.

Silêncio

Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento.
O vento é ira, ira é a vida.

Clarice Lispector, Contos de Clarice Lispector, Lisboa: Relógio de Água, 2006, p. 264.

14/05/2011

Intermezzo

Houve um tempo em que a minha janela dava para o céu, era tão alta, tão alta que não tive tempo de crescer para nela me abeirar e descobrir o que escondia para além das nuvens de Inverno que me diziam de manhã "vamos chover", ou dos nevoeiros Outonais que a empalideciam como a um espelho de casa-de-banho depois de um duche que, ao invés de nos reflectir o corpo nu embirra num sombrio, cinzento e macilento esgar que nada transpõe, ou da luz clara, límpida e forte que me acordava nas manhãs de Verão.



Cecília Meireles, in a Arte de ser feliz



Um breve intervalo e o sol estava reflectido nestas janelas




Rua Serpa Pinto, Tomar ou antiga Rua da Corredoura





Rua Serpa Pinto, ou antiga Rua da Corredoura, Tomar




Transversal da rua Serpa Pinto, Tomar


13/05/2011

A todos que simpaticamente me visitam

A todos que me visitam,

Por motivos alheios à minha vontade desapareceu o último post e respectivos comentários. Venho, por isso pedir desculpas pela desatenção.

(Continuo com as desculpas, apesar do post ter regressado cerca das 22 horas)

Charles Chaplin, The House of Cards"


Oil on canvas, Musée Girodet, Montargis, France

Charles Joshua Chaplin foi um pintor francês que viveu entre 1825 e 1891.

11/05/2011

Prelúdio nos meus afazeres, o sol de Maio

O sol de Maio!

Um prelúdio entre afazeres para animar a alma como só a natureza sabe fazer.

Ao longe o castelo dos Templários, Tomar


Entre a luz e o verde, parque no rio Nabão, Tomar

O céu entre as nuvens

As lágrimas em árvore sobre o Nabão


Só...

A harmonia da água

Um Chorão entre o murmúrio e o silêncio do rio

As intermitências da água

Salvador Dalí - Rafael e o Panteão de Roma

Lembrando Salvador Dalí que nasceu em Figueres, Catalunha, a 11 de Maio de 1904. Foi um dos pintores mais irreverentes do movimento surrealista. Para além da pintura, da escultura e fotografia realizou alguns filmes bizarros. Escreveu prosa e poesia.

Salvador Dalí, Raphaelesque Head Exploded, 1951




Após a explosão de Hiroshima, em 1945, Dalí pintou algumas figuras e cabeças fragmentadas. Esta pintura representa a Madonna de Rafael de quem ele era um grande admirador, (e dos mestres da pintura renascentista em geral) e inspirou-se no Panteão de Roma. Para mim é uma das telas mais belas do pintor.



Panteão de Agripa, Roma



"If intelligence does not exist at birth, it will not exist at all."
Salvador Dalí

Paco de Lucia

10/05/2011

Da polis e de príncipes

Maquette pour Moïse, Décor de l'acte IV, 1863
(Ópera em 4 actos de Rossini)



Carton découpé, encre et aquarelle, Museu D'Orsay, Paris

A vida é um teatro com vários palcos. Os espectadores estão cansados das penas que os ventos trazem.


"Todos sabem quão louvável é um príncipe ser fiel à sua palavra e proceder com integridade e não com astúcia"
Maquiavel, O Príncipe, Lisboa: Europa América, 1972 (Com anotações de Napoleão Bonaparte), p. 93

Não foi esta realidade que encontrei no frente a frente de Sócrates e Portas, os príncipes não procuraram a integridade, optaram antes pela astúcia pois, como refere Maquiavel é mais favorável ao Príncipe. As máscaras gregas faziam parte do cenário, quer a tragédia quer a comédia. A primeira, chega de imediato ao espectador, a segunda só o observador mais atento a vislumbra. O pano caiu, não houve palmas, instalou-se um silêncio gélido, prenúncio do porvir onde, o passado pesa, e o nevoeiro se impõe.

Quando é que teremos a Terra Prometida
?



09/05/2011

Comunhão de ideias

A simple rose / in a test tub,
falling down / like a star.





Aproxima-te; fiquemos por momentos em silêncio.
Olha para esta rosa sobre a minha mesa;
não é a luz que a rodeia tão tímida
como a que brilha sobre ti? Também ela não devia estar aqui.
No jardim lá fora, não misturada comigo,
devia ter ficado ou partir, -
agora dura assim: o que é para ela a minha consciência?

Versos de Rainer Maria Rilke retirados do Requiem por uma Amiga, in As Elegias de Duíno, Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 123.(Tradução de Maria Teresa Dias Furtado)

Origada JJ do blogue Substante.


E porque me deu saudades de ouvir Bjork e a sua voz envolvente.


08/05/2011

O medo, as máscaras!

James Ensor, detalhe do auto-retrato com máscaras, colecção particular.




Sem Identidade do realizador: Jaume Collet-Serraque foi o filme que fui ver esta noite. A história não é inovadora. Liam Neeson desempenha muito bem o personagem e Diane Kruger também . O filme cativa e a história surpreende. Porém, do filme retirei alguns pensamentos que se podem resumir a:

"Ser ou não ser, eis a questão".



Quem sou?
O nome,
a conspiração,
a manipulação,
o medo,
a verdade ou a verdade possível.

Não pude deixar de fazer analogias com o mundo em que vivemos porque se está a tornar menos humano.

,

Da película para a poesia:
Identidade

A identidade, como a pele,
renova-se, perde-se de sete
em sete anos, muda no mesmo
corpo, torna diferente
a permanência humana.
A identidade é a soma
das intenções, uma foto
instantânea para um propósito
imediato que não dura.
A identidade é um equívoco
para camuflar o coração.

Pedro Mexia, in "Duplo Império" (citador)

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